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Procura-se: um substituto para Jorge Jesus


Por Bruno Proton

Com a saída de Jorge Jesus, o Flamengo, ao decidir buscar um novo treinador, parece ter colocado como requisito mínimo para a contratação o passaporte Europeu, principalmente, o português.
É inegável que se buscarmos no futebol brasileiro nos últimos 10 anos um modelo de jogo inovador, respeitando princípios do jogo e uma metodologia de treino atualizada, não encheremos uma mão com nomes de treinadores brasileiros. O clube e seus gestores tiveram uma amostra do quão desatualizados ainda estamos. É visível a diferença de ideias quando ligamos a TV e assistimos aos jogos de qualquer campeonato europeu e o comparamos com as nossas equipes. Espaços de jogo reduzidos, pouco tempo para pensar com a bola nos pés e equipes extremamente bem estruturadas coletivamente dando mais espaço para o individual aparecer, são características de muitas equipes europeias. Embates de ideais e princípios de jogo que muitas vezes são verdadeiras aulas de futebol.

O futebol pentacampeão X o potencial europeu

O nosso futebol, neste quesito, acabou ficando para trás. São raras as vezes em que observamos equipes bem estruturadas e com ideias de jogo atraentes nos campeonatos nacionais, resultado da falta de estrutura fora do campo com jogos às quartas e domingos que deixam os treinadores sem tempo para trabalhar, além de todo o desconhecimento teórico sobre o jogo de nossos dirigentes. Mas afinal, de quem é a culpa? Sim, de nossos treinadores que se sentam nos 5 títulos mundiais da nossa seleção e negam que o futebol, como qualquer ciência, evoluiu.
O último campeonato brasileiro teve como seu campeão e vice duas equipes com treinadores estrangeiros. Jesus e Smapaoli trouxeram para os campos brasileiros aquilo que muitas vezes só assistíamos pela TV. Seus clubes e gestores, puderam observar in loco a diferença que um bom treinador, com metodologias de trabalho atualizadas podem ter.  Com o sucesso do rubro-negro carioca, é compreensível que seus diretores busquem um nome no mercado europeu. Mesmo com a evolução de alguns treinadores brasileiros, ainda são poucos os nomes disponíveis no mercado.

E agora, quem poderá salvar o Flamengo?

O Flamengo, sem contarmos os vários erros cometidos por sua diretoria no último mês, vem tratando bem a busca por seu novo comandante. Ao fazer entrevistas com os possíveis candidatos, mostra um amadurecimento de seus gestores, entendendo que a escolha deve ser por um nome que entenda e esteja de acordo com as filosofias de jogo do clube. O nome mais cotado para o lugar deixado por Jesus parece ser o do espanhol Domènec Torrent. Se terá sucesso ou não, só o tempo nos dirá. O certo é que, com objetivos previamente traçados e definindo os requisitos necessários, a chance de a contratação dar errado diminui.

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